Ah, é de pernas para o ar
que o seu livro se lê?
Parece que a menina
não sabe o ABC.
Agora já sabe as letras
todas de frente para trás.
Menina, pegue num livro
e leia se for capaz!.
Agora vou ler.
Começar no princípio as histórias que ouvia.
Agora vou ler as histórias que ouvia mas que não sabia.
Agora vou ler aquelas histórias que todos já sabem mas eu não sabia.
Agora vou ler e entender o que está nos livros e que não sabia.
Agora vou ler e entender o que vou escrever e que não sabia.
Agora vou ler e entender o que vou dizer:
amor.
Agora sim, agora sei ler.
Quando eu nasci nunca tinha brincado com pedras, nunca tinha mexido na terra,
nem feito túneis na areia.
As minhas mãos nunca tinham tocado em nada, só uma na outra.
Quando eu nasci nem sonhava que havia céu e que o céu mudava de cor
e que as nuvens eram tão bonitas.
Quando eu nasci era tudo novo.
Tudo por estrear.
Luz de outono
A amizade
Jucelino vai para a escola com o primo e vão ambos por um caminho
Cão Polícia
O sapateiro
A Primavera!
Páscoa na aldeia
As aulas tinham começado uns dias atrás. Pelas
janelas da escola entrava uma luz de Outono que
pintava tudo como se fosse um pincel de ouro.
Os alunos eram atentos e cuidadosos. Vinte e cinco
meninos e meninas; uns mais escuros, outros mais
claros, mas todos cheios dessa luz clara que se chama
infância.
5
Quando não tenho ninguém olho-me ao espelho do quarto.
Pergunto: «Está aí alguém?»
– brinco com o meu retrato.
Chamo logo a Vanessa.
Sentamo-nos a conversar.
Rimos, jogamos, saltamos…
Brincamos até fartar.
Sei muito bem quanto vale ter um amigo sempre à mão.
Não há melhor companheiro para vencer a solidão.
6
escondido porque é mais perto.
Os pais recomendam sempre:
– Não metam os pés nas poças de água.
E eles respondem muito sérios:
– Não, senhor.
E vão, direitinhos a um ribeiro e por ele seguem, chape-chape, até perto da
escola onde chegam com os pés todos molhados.
7
Fui pastor, fui caçador
corri terra, corri mato
ajudei o meu senhor
graças ao meu olfato.
Apanhei muitas perdizes
que logo dava a meu dono
coelhos e codornizes…
na caça não tinha sono!
Fui polícia entre polícias
descobri muitos ladrões,
recebi muitas carícias,
pontapés e trambolhões.
8
Prega pregos miudinhos
põe remendos, põe biqueiras,
põe saltos e faz lacinhos;
descansa às segundas-feiras…!
Lustra botas, põe verniz,
corta fio, põe pomada,
cola palmilhas e diz:
– Mas que grande caminhada…!
Menino que joga à bola
dá-lhe muita trabalheira,
porque embora rija a sola,
rompe-a da mesma maneira…!
9
A primavera voltou
Venham ver!
Venham ver durante a noite
as coisas que aconteceram!
Nos ramos daquela faia
folhinhas novas nasceram;
no carvalho, os pintarroxos
já construíram o ninho;
o salgueiro ao pé do rio
de mil botões se enfeitou.
Veio o Sol. Fugiu o frio.
A primavera voltou.
10
Anda no ar um aroma a rosmaninho e a alecrim.
Os afilhados esperam a chegada dos padrinhos.
No ar há um cheirinho a folares e a pão de ló!
Plim! Plim! Plim!...
Já lá vem a campaínha que anuncia o cortejo da visita Pascal.
O grupo entra nas casas que têm ramos espalhados à porta.
Aleluia! Aleluia! Aleluia!
A família beija a cruz enfeitada com flores de primavera.
Cristo ressuscitou!
Aleluia! Aleluia! Aleluia!...